Ouro Preto é uma daquelas cidadezinhas que te faz voltar no tempo. Mas não pense que, por causa disso, você não encontrará toda a infraestrutura necessária por lá. O município fica no interior de Minas Gerais e, segundo o censo do IBGE de 2010, tem pouco menos de 70 mil habitantes. Você certamente encontrará muito o que fazer em Ouro Preto.
É uma cidade universitária (a Universidade Federal de Ouro Preto fica por lá) e, com isso, conta com o maior Carnaval Estudantil do Brasil (quem nunca ouviu falar dos famosos bloquinhos ladeira acima e abaixo em Ouro Preto?).
Mas, mais do que tudo isso, é uma cidade histórica! Uma das principais do Brasil Colônia. E que conserva, até hoje, a arquitetura da época. Visitar Ouro Preto é conhecer um pouco mais da nossa história.
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Neste post, vou falar um pouquinho sobre a história da cidade e destacar alguns locais imperdíveis para se conhecer, além das dicas costumeiras. Vamos?
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Um pouquinho de história
Ouro Preto teve seu início no fim do século XVII. Foi elevada à categoria de vila em 1711 com o nome de Vila Rica. Em 1720 foi escolhida para capital da nova capitania de Minas Gerais. Em 1823, após a Independência do Brasil, recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por D. Pedro I, passando a ser designada como Imperial Cidade de Ouro Preto.
Foi elevada a Patrimônio Nacional em 1933 e tombada pelo Iphan. Em 1980, Ouro Preto foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
No fim do século XVII foram descobertas enormes jazidas de ouro em Minas Gerais e, com isso, veio uma enorme onda migratória e exploratória para a região, especialmente Ouro Preto. A retirada do ouro das minas era feita por escravos, e a Coroa Portuguesa cobrava o “quinto” (um imposto de 20% sobre toda a produção).
A cobrança dessa taxa e várias outras exigências de Portugal geraram revolta entre os mais abastados, o que acabou provocando a Inconfidência Mineira. Como se sabe, o movimento foi traído por Joaquim Silvério dos Reis, que fez a denúncia para obter perdão de suas dívidas com a Coroa. E Tiradentes, o único sentenciado à morte, foi esquartejado e suas partes espalhadas pela região, para servir de “exemplo”. Sua cabeça, por exemplo, foi “exposta” em Ouro Preto.
Quantos dias ficar em Ouro Preto
Para conseguir conhecer tudo com calma e explorar todos os cantinhos da cidade, o ideal é ficar, pelo menos, três dias. Mas é possível ver todos os locais mais importantes em apenas dois. Um dia só não recomendo, pois você terá de ver tudo correndo e provavelmente não conseguirá entrar com calma para visitar nenhuma igreja ou museu.
Onde ficar hospedado
Tudo no centro histórico de Ouro Preto é muito próximo, e em 10, 15 minutos caminhando você já chega em algum atrativo. Justamente por isso, esse é o melhor lugar para se hospedar.
Eu fiquei numa hospedagem localizada no meio do caminho entre o Centro de Convenções da UFOP (250m de distância) e a praça Tiradentes (500m de distância). Estava de carro, mas, se não estivesse, daria para ter me deslocado a pé tranquilamente.
Há opções de hospedagem para todos os gostos e bolsos. Além de poder alugar quartos e gastar um pouquinho menos, existem hotéis de luxo, pousadas coloniais e hostels, fora as casas universitárias. Basta pesquisar e encontrar aquilo que mais se encaixa com o que você quer 🙂
Como se locomover por Ouro Preto
Se você for de carro, saiba que estacionar não é a coisa mais fácil do mundo por lá. Ainda mais se você for em feriados ou finais de semana e, principalmente, se for algum período de evento na cidade. Eu, quando fui, por exemplo, peguei dois: o tradicional Festival de Inverno e uma competição de ciclismo. Ou seja, a cidade estava lotada, hehe.
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Não é recomendado você ficar andando de carro o tempo todo por lá. Até porque, como já mencionei nesse post, as atrações principais são próximas e você pode fazer tudo caminhando.
O ideal é que você estacione o carro em alguma rua secundária próxima ao centro e só o pegue novamente no final do dia ou se for conhecer algum lugar mais distante.
Isso porque, como as ruas são estreitas e há muitos turistas (o que faz com que muitos precisem caminhar pela rua mesmo), há boas chances do trânsito engarrafar.
Também há táxis e demais meios de locomoção privados em Ouro Preto. Você pode pedir por aplicativo ou na recepção do seu hotel/pousada/hostel.
Para andar a pé, prepara-se para malhar bastante! Isso porque Ouro Preto é feito de ladeiras. Umas mais íngremes, outras nem tanto, umas menores, outras enormes… Mas o fato é que você precisará de força nas pernas e nos joelhos para desbravar as ruas da cidade. Cansa um pouquinho, mas é um dos charmes do município.
Roteiro para dois dias
Eu fiquei dois dias em Ouro Preto e senti que foi um pouco corrido. Gostaria de ter visto com mais calma alguns lugares, além de ter conhecido outros menos famosos.
Dia 1 em Ouro Preto
Minha sugestão é: comece pela Praça Tiradentes, o ponto central e principal de Ouro Preto. O local leva esse nome porque foi justamente ali que a cabeça de Tiradentes foi exposta ao fim da Inconfidência Mineira. Hoje, no centro, há uma estátua em homenagem a ele.
Na Praça Tiradentes há um centro de informações turísticas. Lá, você pode pedir auxílio e conseguir um mapa da cidade. Quando fui, o moço que me atendeu me indicou todos os locais (principalmente igrejas) que estavam fechadas para reforma naquele momento. O que me foi bastante útil, pois algumas igrejas que gostaria de ter conhecido, não pude. E isso me evitou um deslocamento desnecessário.
Em um dos extremos da praça, há o Museu da Inconfidência. O funcionamento é de terça a domingo, das 10h às 17h. O ingresso custa R$ 10, e não é permitido filmar ou fotografar no interior. Além de obras de arte, o museu, como o próprio nome sugere, conta a história da Inconfidência Mineira e de como era o processo de extração do ouro.
Do lado oposto ao museu, há o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da UFOP. Ele funciona das 12h às 17h. E, mesmo que você não queira visitar o museu, vale subir ao seu pátio, de onde você terá uma vista panorâmica da Praça Tiradentes, com o Museu da Inconfidência ao fundo (uma das fotos mais cartão-postal de Ouro Preto).
Você pode fazer uma pausa para o almoço nos restaurantes ao redor da praça mesmo. Mas saiba que eles são bem turísticos e, provavelmente, você pagará mais caro pela refeição. Há cafeterias também, se você preferir um lanchinho rápido.
Continuando o dia, sugiro você continuar o passeio para o lado direito da praça, de quem está no Museu de Ciência (vamos deixar o lado esquerdo para o segundo dia).
Do lado do Museu da Inconfidência, está a Igreja Nossa Senhora do Carmo. Você também conta com uma vista diferenciada, além de ter uma escadaria bem bonita.
Em frente a ela, está o Teatro Municipal (também chamada de Casa da Ópera; foto abaixo), que abre para visitação de segunda a sábado, das 12h às 17h. É o mais antigo teatro do continente, construído entre 1746 e 1770.
Você pode passar pela Igreja das Mercês e Misericórdia, que fica bem próximo do Museu de Ciência. De lá, você consegue ter uma vista de cima e um bom ponto para foto, pegando o telhado e a arquitetura das casinhas de Ouro Preto (foi de lá que tirei a foto que é a capa do vídeo sobre Ouro Preto no Arruma Essa Mala).
Já a Basílica Nossa Senhora do Pilar (foto abaixo) conta com cerca de 400kg de ouro no seu interior, decorando as artes e o altar. Não é possível filmar ou fotografar no interior (como praticamente todas as igrejas de Ouro Preto). No local onde se compra o ingresso para visitá-la (R$ 10), há um cartaz informando sobre o roubo de peças religiosas em Ouro Preto e que, por isso, muito do acervo original da cidade já se perdeu.
Para encerrar as igrejas neste primeiro dia, sugiro a Igreja São Francisco de Paula, que fica em um ponto bem mais alto de Ouro Preto, possibilitando uma boa vista dos morros e natureza da região. Se você pegar um dia bom, terá a sorte de ver um lindo pôr do sol!
Dia 2 em Ouro Preto
Depois de tomar um bom cafezinho, sugiro começar o segundo dia pelo Museu Casa dos Contos. A entrada é gratuita, e o horário de funcionamento é de terça à sábado, das 10h às 16h45, e aos domingos e feriados, das 10h às 14h45.
O casarão foi residência do cobrador dos impostos da Capitania de Minas Gerais. Depois, assumiu diferentes funções, como sede da administração pública e cárcere para os inconfidentes, dentre eles Álvares Maciel, Luiz Vieira da Silva, Padre Rolim e Cláudio Manuel da Costa, este encontrado morto em sua cela.
Siga caminhando e passe novamente pela Praça Tiradentes. Conheça a Igreja São Francisco de Assis (foto abaixo), uma das principais de Ouro Preto. Ela foi projetada pelo Aleijadinho em 1766 e é considerada uma das obras-primas dele.
Dentro, também há alguns painéis do Mestre Ataíde. Ambos são considerados dois dos mais importantes artistas brasileiros da época do Barroco.
Em frente a essa igreja, existe uma praça com uma feirinha de artesanato e cerâmica bem interessante. Vale a pena a passada também, mesmo se você não for comprar nada.
Sugiro a pausa para o almoço antes de seguir para o próximo passeio – na minha opinião, um dos mais interessantes e mais importantes para se entender a história de Ouro Preto. Na Rua Dom Silvério, encontram-se algumas das minas de ouro abertas à visitação.
A do Chico Rei é uma das mais conhecidas. Mas eu fiz o passeio na do Palácio Velho, um pouco mais a frente. Trata-se uma visita guiada por uma mina, por óbvio, já desativada, com um guia local. Não sei se todos os guias são assim, mas o meu (Bruno Barbosa) foi excelente. Explicou com detalhes como era a exploração dos negros escravos no processo de extração do ouro. Compartilhei alguns trechos no vídeo que está no começo desse post.
Para encerrar o dia, você pode ir até outro mirante para ver o pôr do sol e a cidade de Ouro Preto de cima, por outro ângulo. O Mirante da UFOP fica um pouco distante do centro histórico (cerca de 2km), mas é possível ir de ônibus (eu, inclusive, parei em um ponto de ônibus para fazer alguns registros bem bonitos). Se você estiver de carro, mais fácil ainda.
Lembrando que, em Ouro Preto, existem mais de 40 igrejas. Eu citei só algumas neste post. Cada uma tem sua peculiaridade. Também há muitas lojinhas, caso você goste de fazer compras, de pedrarias, artesanato, artigos de decoração, etc. Restaurantes com comidas típicas também há aos montes. Se você gosta, não deixe de comer os tradicionais feijão tropeiro, pão de queijo, doce de leite, cachaça e tantos outros.
Gostou das dicas? Já foi para Ouro Preto? Me diz o que mais você gosta da cidade nos comentários 🙂
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