Rota 66: road trip de Las Vegas a Los Angeles pela rodovia mais famosa dos Estados Unidos

A Rota 66 é a rodovia mais famosa dos Estados Unidos, mesmo que praticamente não seja mais utilizada – ao menos como via principal. Ela praticamente cruzava o país, de Chicago a Los Angeles, tendo cerca de 4 mil quilômetros de extensão.

Hoje em dia, mesmo não sendo mais possível atravessá-la do início ao fim, há vários trechos que são super turísticos e cheios de atrações na beira da estrada.

Foi o que eu fiz no trecho de Las Vegas a Los Angeles (sendo que você também pode fazer o percurso contrário, de Los Angeles a Las Vegas). Esse é um dos mais conhecidos, até porque a Rota 66 acabava em Los Angeles, no pier Santa Monica, onde existe uma placa indicativa até hoje.

Neste post, vou contar um pouco sobre a história da Rota 66 e falar sobre as atrações que você pode visitar ao percorrer esse trecho de Las Vegas a Los Angeles, assim como eu fiz.

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História da Rota 66

A Rota 66 foi estabelecida em 11 de novembro de 1926, mas só ficou totalmente pronta e pavimentada em 1938. Fazia parte do plano nacional de autoestradas dos EUA, que estabeleceu 96 rodovias. As rotas norte-sul seriam ímpares, e as leste-oeste, pares. Ela foi oficialmente retirada do sistema de rodovias norte-americano em 1985.

A Rota 66 iniciava em Chicago, capital de Illinois, e passava pelos estados de Missouri, Kansas, Oklahoma, Texas, Novo México, Arizona e terminava na cidade de Santa Mônica, no condado de Los Angeles, Califórnia. Ou seja, praticamente cruzava o país. Tinha 4 mil km de extensão, cruzando quase 200 cidades e oito estados.

Por ser uma rodovia praticamente totalmente plana, a Rota 66 se tornou muito utilizada por caminhões.

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No entanto, com o passar dos anos, novas rodovias interestaduais foram sendo construídas, fazendo com que a Rota 66 caísse em desuso, já que o trânsito foi desviado. Sem movimento, o comércio foi perdendo clientela, e as pessoas foram abandonando as cidades, o que fez surgir várias cidades-fantasmas.

Hoje, existem alguns trechos sinalizados. No entanto, muitos acabaram substituídos por vias expressas modernas. Por isso, não é possível fazer o percurso original de 4 mil km, pois ele, em sua totalidade, não existe mais.

Como visitar a Rota 66

Uma vez que não existe mais a totalidade da rodovia e, sim, apenas trechos maiores ou menores, o ideal é você saber se quer fazer uma road trip ou apenas conhecer alguma atração de beira de estrada em específico (que os americanos chamam de ‘roadside attractions’).

Também é importante frisar que, para fazer um roteiro pela Rota 66, o GPS de um ponto a outro talvez não seja o melhor indicado, pois os aplicativos sempre vão indicar os caminhos mais rápidos e fáceis – o que não é o caso de praticamente todos os trechos da Rota 66.

Por isso, atenção às placas, que ajudam bastante. E eu fiz um My Maps marcando vários pontos ao longo da estrada (mesmo que não fosse visitá-los), assim era fácil visualizar o caminho que queria fazer.

Ao programar a sua viagem para os Estados Unidos, lembre-se também do seguro viagem para lá. Embora não seja uma documentação obrigatória para entrar no país, o custo de um atendimento médico nos EUA é um dos maiores do mundo e, qualquer imprevisto que você tiver, pode acabar lhe custando uma pequena fortuna. Saiba como escolher o melhor plano e tire todas as dúvidas aqui.

A Rota 66 na cultura pop

A Rota 66 se tornou muito famosa mundialmente principalmente pelas suas citações e ambientações na cultura pop, seja na música, na literatura ou no cinema.

Um dos livros mais famosos é On The Road, de Jack Kerouac, lançado em 1957, que conta a história de dois amigos que cruzaram os Estados Unidos de carro.

Dentre os filmes que mostram a Rota 66, estão Easy Rider (1969), Golpe de Mestre (1973), Forrest Gump (1994), o desenho Carros (2006) e a série Route 66 (1960).

Já entre as músicas, talvez a mais famosa seja Get Your Kicks on Route 66, interpretada por Chuck Berry e The Rolling Stones.

Curiosidades da Rota 66

Além dos lugares que visitei no trecho entre Las Vegas e Los Angeles, há vários outros pontos famosos e históricos em outros estados americanos. Como, por exemplo, a Blue Whale, em Catoosa, Oklahoma. Trata-se da escultura de uma baleia, de fibra de vidro, que funcionava como píer e escorregador aquático nos anos 60.

Já em Amarillo, no Texas, existe o Cadillac Ranch: dez Cadillacs, de diferentes tipos e anos, enterrados na areia. Idealizado pelo milionário Stanley Marsh II, o local representa o “sonho americano”, que, para ele, era “uma viagem de Cadillac, com uma loira, até as praias da Califórnia”.

Por outro lado, a bomba de combustível mais antiga da via está em um posto da Texaco em Tucumari, Novo México. É o único que se mantém em operação desde a sua inauguração.

Depois da decadência, as primeiras associações da Rota 66 surgiram: em 1987, no Arizona, e em 1989, no Missouri. A partir da década de 1990, vários pontos ao longo da estrada receberam o título de locais históricos. Em 1999, por exemplo, o então presidente Bill Clinton assinou a Lei de Preservação da Rota 66, que proveu US$ 10 milhões para preservação e restauração de locais históricos ao longo da rota.

Lugares para visitar entre Las Vegas e Los Angeles

Calico Ghost Town

Calico é uma antiga cidade que vivia da mineração desde 1881. Com 500 minas de extração, Calico chegou a produzir mais de US$ 20 milhões em prata em um período de 12 anos.

Quando a prata perdeu o seu valor em meados de 1890, a população de Calico foi sumindo. Os mineiros pegaram suas coisas e foram abandonando a cidade, tornando-a uma “cidade-fantasma”.

Hoje, no entanto, ela é cidade cenográfica. Um cara chamado Walter Knott comprou Calico em 1950 e restaurou sua arquitetura, com exceção de cinco prédios que se mantiveram originais conforme sua construção em 1880. Hoje, esses prédios são como uma espécie de museus, em que é contada a história de Calico por meio de representações.

Calico recebeu o título de sítio histórico e, em 2005, se tornou um parque estadual – nomeado pelo então governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.

O local é super bem conservado e rende várias fotos bonitas. Mas vá sabendo que é tudo uma grande reprodução e quase nada é original da época. Nas casas, existem várias lojinhas de souvenirs e artesanato, além de bares e restaurantes.

Funcionamento: de 9h às 17h.
Valor: US$ 8 por pessoa (criança de 4-11 é US$ 5; menor de 3 anos é de graça).

Endereço: 36600 Ghost Town Rd, Yermo, CA 92398, EUA

Barstow Harvey House

O Barstow Harvey House também é conhecido como Harvey House Railroad Depot ou Barstow Station. Foi construído em 1911 e chamado originalmente de Casa del Desierto. Também era um hotel-restaurante e um depósito da ferrovia Santa Fe. Ele foi construído para substituir um antigo prédio de 1885 que pegou fogo em 1908.

Na época, os trens não tinham a capacidade de cozinhar a bordo, então se construíam muitos restaurantes à beira das ferrovias em uma distância de cerca de 100 milhas cada – cerca de 160km.

Atualmente, é uma estação, tem dois museus, um centro de visitante e abriga escritórios do poder municipal, além da Câmara de Comércio de Barstow. É nesse local que se encontra o Museu da Rota 66, de entrada gratuita, mas de funcionamento reduzido.

Funcionamento: de 8h30h às 17h (segunda à sexta); 10h às 14h (sábado); fechado (domingo). O Museu da Rota 66 abre sexta, sábado e domingo, das 11h às 16h. A entrada é gratuita.

Endereço: 685 N 1st Ave, Barstow, CA 92311, EUA

Elmer’s Bottle Tree Ranch

O Elmer’s Bottle Tree Ranch é um dos locais mais legais e curiosos desse percurso que fiz. Trata-se de várias ‘árvores’ de garrafas de vidro, além de outras construções com lixo. O espaço que começou despretensioso logo se tornou uma obra de arte e um mega ponto turístico.

Elmer Long iniciou o rancho de árvores de garrafa há cerca de 30 anos, mas a sua coleção começou quando ele ainda era criança e ia acampar com o pai dele na região de deserto perto de Los Angeles.

Ao acampar, eles passavam por lixões e o pai acabava pegando algumas coisas – como as garrafas. Quando o pai ficou velho e estava para morrer, começou a querer se desfazer desses “lixos”. Até que o Elmer o impediu, pegou um tanto para ele e iniciou a construção do rancho.

As peças que agora estão expostas nesta grande obra de arte a céu aberto datam dos anos 1940, 1950 e 1960.

O Elmer Long, entretanto, morreu em 22 de junho de 2019. O rancho chegou a ficar fechado por algum tempo, mas a família dele manifestou a vontade em seguir com o funcionamento como uma forma de homenagem a ele.

O rancho está sempre aberto, e a visitação é gratuita. Aos fundos existe um poço com um cartaz escrito “tips”. Se você quiser ajudar a manter o espaço, pode deixar a sua doação ali.

Endereço: 24266 National Trails Hwy, Oro Grande, CA 92368, EUA

Iron Hog Restaurant & Saloon

Esse restaurante surgiu em 1890 com o nome, à época, de Butterfield Stage Stop. Era o único comércio da cidade de Oro Grande. Na década de 1930, o local foi reconstruído à forma que é hoje.

Ao longo dos anos, teve diferentes funcionalidades, como revendedora de maquinário agrícola, um bar de beira de estrada, um bar de motoqueiros e um strip clube.

O nome da cidade, Oro Grande, surgiu porque os garimpeiros esperavam encontrar muito ouro na região e, claro, se tornarem ricos – o que não aconteceu.

No site do Iron Hog Restaurant & Saloon diz que foi cenário de alguns filmes, sendo o único que reconheço é Erin Brockovich.

O local em si é curioso por se tratar primeiramente de um espaço histórico, mas principalmente por causa dos artefatos antigos que ficam ao redor do restaurante. Um exemplo é uma limousine completamente destruída que é o retrato de um glamour decadente.

Funcionamento: todos os dias, das 8h às 20h/00h

Endereço: 20848 National Trails Hwy, Oro Grande, CA 92368

Emma Jean’s Holland Burger Cafe

O Emma Jean’s é um típico diner americano, daqueles que a gente vê em filmes e séries. O restaurante é bem pequeno, conta com poucas mesas e um balcão. O clima é super amigável, as pessoas conversam entre si e o atendimento é ótimo.

Eu almocei neste local durante a minha viagem e me sentei ao balcão. Logo ao chegar, fui prontamente atendida por uma simpática garçonete.

Ao explicar que era vegetariana, ela logo se prontificou a criar um prato especial de comida com os vegetais que haviam na casa, uma vez que o cardápio oferecia os preparos mais clichês possíveis dos Estados Unidos, hambúrguer, bacon, ovos, steaks…

Ou seja, ponto positivo para o estabelecimento, uma vez que são poucos os restaurantes não-vegetarianos ou veganos que se esforçam em atender bem os clientes que não consomem produtos de origem animal.

Na área externa ainda há indicações da Rota 66 nas paredes que rendem fotos bem legais.

O Emma Jean’s Holland Burger Cafe foi criado em 1947 e sempre foi um estabelecimento familiar. A Emma Jeans morreu em 1996 e o Richard, seu marido, em 2008. Agora, o restaurante e café é administrado pelo filho Brian Gentry e pela sua mulher Shawna.

Funcionamento: de segunda à sexta, das 5h às 14h45; sábado, das 6h às 12h30; domingo, não abre.

Endereço: 17143 N D St, Victorville, CA 92394, EUA

Museu do Mc Donald’s

O local do primeiro Mc Donald’s do mundo não fica atualmente na beira da estrada – embora haja uma placa indicando que se trata de uma ‘roadside attraction’ e várias marcações de Rota 66 no asfalto em frente.

O primeiro Mc Donald’s do mundo é, hoje, um museu e fica na cidade de San Bernardino. Foi essa loja a criada pelos irmãos Richard e Maurice McDonald. Na época, eles vendiam apenas hambúrguer, batata-frita e milkshake.

O processo de franquias começou em 1953, de forma bem pequena pelos próprios irmãos. Mas eles desistiram da ideia porque não conseguiam manter um padrão de qualidade e uniformidade dos produtos. Em 1954, então, o empresário Ray Kroc conheceu os irmãos McDonald, se encantou pelo processo fordista de produção de comida e propôs que se tentasse novamente as franquias.

Kroc, na época, vendia máquinas de milkshake. E expandiu tanto o negócio, por todo o país, que decidiu “comprar” o McDonald’s de vez em 1961. O filme sobre essa história se chama The Founder, ou Fome de Poder, em português, e é com o Michael Keaton. Vale a pena assistir para entender um pouco melhor dessa história não tão feliz assim (afinal, o Ray Kroc não era lá a pessoa mais legal ou honesta…).

O museu tem entrada gratuita e todas as peças expostas foram doadas. Qualquer um, inclusive, pode doar algo do Mc Donald’s para o museu. Há vários setores por países – a parte do Brasil ainda é pequena! Entretanto, a maior parte dos itens do museu são brinquedinhos do Mc Lanche Feliz.

Funcionamento: todos os dias, de 10h às 17h.

Endereço: 1398 North E Street at West 14th Street, San Bernardino.

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