Como já contei neste outro post, fiz trabalho voluntário no Quênia em maio de 2016 e, embora tenha atuado boa parte do tempo na Living Positive (entenda tudo aqui), ajudei, durante quatro dias, um daycare (uma espécie de creche) em Kibera, a maior favela não só da capital Nairóbi, mas de todo o país e uma das maiores do mundo.
Nota: borrei o rosto das crianças que estão neste post porque o objetivo não é expô-las e, sim, compartilhar com vocês a experiência. Assim, vocês conseguem ter uma noção do local, mas sem identificar nenhuma das pessoas que estavam lá.
Esse daycare não era nenhum projeto social, nenhuma organização social, nenhuma ONG. Era um daycare da “vida real”. O daycare que as mães de Kibera têm para deixar seus filhos enquanto saem para trabalhar.
Como conheci esse daycare então?
Nessa viagem ao Quênia, havia uma espécie de host para a gente, ou como a empresa que nós contratamos chamava, um country manager. E ele conhecia muita gente em Kibera, inclusive os donos desse daycare.
E, por saber que o pessoal lá precisava bastante de ajuda, ele nos sugeriu ficar lá nos nossos últimos dias no país.
E foi o que nós fizemos.
Logo ao chegar no lugar entendemos porque era preciso ajuda. A sala era pequena e cheia de crianças – cerca de 50 a 60, das mais diferentes idades, desde bebês de colo, até crianças engatinhando a meninos e meninas de 5 ou 6 anos. E havia apenas uma mulher para cuidar de todos!
Claro que o cuidado maior dela era com os bebês, que choravam com bastante frequência e precisavam ser acalmados, além de alimentá-los com mamadeira. Sendo assim, nós ficamos “responsáveis” pelas crianças maiores, que queriam brincar e muita atenção.
O problema é que nenhuma delas falava inglês ou qualquer outra língua que não swahili (língua que nem eu, nem meu namorado sabemos falar). Sendo assim, a comunicação era muito difícil e funcionava só por gestos, mímicas e entonação de voz.
Swahilli é a língua oficial do Quênia. Porém, há mais de 60 línguas diferentes faladas no país.
Agora, como o objetivo deste post é compartilhar a experiência com quem eventualmente possa querer fazer o mesmo tipo de viagem que fiz nesta ocasião, faço a mea-culpa: eu não estava preparada e não era qualificada para aquele tipo de trabalho. Eu sou jornalista e não tenho experiência em trabalhar com crianças.
Podemos achar que lidar com crianças é simples. Que gostamos de crianças e que crianças são legais e divertidas. Mas 50 reunidas em uma sala pequena, em que nenhuma fala a mesma língua que você, gritando, correndo e disputando brinquedos, crianças pequenas sem fralda que faziam xixi no chão, bebês que choravam o tempo todo… é bem diferente, né?
Dei o meu melhor, me esforcei ao máximo para tornar aqueles quatro dias melhores para aquelas crianças e também para minimizar o cansaço e o trabalho daquela única mulher. Mas também confesso que, em vários momentos, me senti estressada e precisei sair da sala para respirar fundo e poder regressar calma.
Como falei no primeiro post dessa série, busque ao máximo informações sobre o voluntariado que você vai fazer, assim você poderá se doar ao máximo e ajudar muito mais 🙂
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